A diferença entre as capas da Time nos EUA e no resto do mundo

O homem-coisa e a inteligência coletiva

O poeta inglês John Donne afirma que nenhum homem é uma ilha isolada. Istoé, simbolicamente falando, entre pensamentos e técnicas interligando homem e máquina, existem milhões de redes concectando os processos intelectuais de toda sociedade, a memória coletiva. Em um grosso modo, quando Isaac Newton proclamou a celebre frase “Se enxerguei mais longe foi porque me apoiei sobre ombros de gigantes” pode ser encarada como um exemplo do caso de estudo do filósofo francês Pierre Lévy. Em uma analogia, os “ombros de gigantes” de Newton funcionam como a memória coletiva de Levy. Isso faz com que ninguém produza um conhecimento do zero. A técnica do saber vira um instrumento de produção para uma colaboração democrática. Em um capitalismo cognitivo, a mercadoria não precisa ser necessariamente, palpável, o que se vende é a informação. Tudo isso implica na memória coletiva, que funciona como uma identidade/inteligência horizontal. Mas da onde vem tudo isso e o que muda no mundo atual? A Wikipédia é resultado de uma construção colaborativa e democrática de conhecimento criado por coletividades pensantes. Com mais de 19 milhões de artigos, é a mais enciclopédia colaborativa do mundo. Algo que nenhum livro impresso no mundo conseguiria absorver.

Coletividades pensantes

A cibercultura funciona como um pensamento em rede mesclando funções de saberes da cultura, da sociedade e das novas tecnologias a partir da segunda metade do século XX. É o resultado entre as técnicas de comunicação, as instituições sociais e o pensamento individual. O que muda no mundo atual é a democratização do pensamento. Na comunicação social, não há nenhuma teoria que seja 100% verdade ou inverdade, mas como o próprio autor descreve, caminhamos para uma ecologia cognitiva. Ou seja, a diretriz que se deve seguir é um balanço sustentável entre as relações de novos conhecimentos entre homem e máquina.

O também filósofo e também francês Bruno Latour classifica a memória coletiva como toda interação social em processos intelectuais. As novas possibilidades dessas reações são inúmeras para a aldeia global. Com isso, é possível cada vez mais criar mercados de nicho, que atendam às demandas de cada comunidade cultural. Quando estamos conectados em rede, sem uma matriz central, possuímos independência própria, que, quando abastecida intelectualmente, pode se tornar auto-sustentável.

Além da Wikipédia, um exemplo de cibercultura é a teoria da cauda longa, onde há uma democratização das ferramentas (vistas aqui como técnicas de produção). O autor da tese, Chris Anderson cita o computador pessoal como uma das personificações de sua teoria. Com uma interface simples e custo reduzido, o PC deu a milhões de pessoas a capacidade de produção antes restrita a uma pequena elite. O resultado é que a quantidade de conteúdo disponível hoje cresce mais rápido que nunca. Isso só foi possível graças à memória coletiva, já que a teoria de Anderson se baseia em quantidade de produtos e grau de popularidade no mercado. Nada disso seria possível caso o conhecimento não fosse em rede. O que a cauda longa propõe é fazer com que as possibilidades de uso de técnicas abrem configurações para a tecnologia intelectual coletiva nos dias de hoje.

 Decodificações por interface

Como já visto anteriormente com o exemplo de um computador pessoal, é possível afirmar que as máquinas são ferramentas essenciais para a formação da sociedade em rede. Algumas de suas utilidades são formar e estruturar o funcionamento dos sistemas e as aptidões das pessoas. Os dispositivos técnicos funcionam como pontes de ligação entre homem e máquina para um produto final satisfatório. Nesse sentido as interfaces funcionam como uma tradução para técnicas em que os participantes são cúmplices de um convencionalismo de significado.

Questões jornalísticas

Vem da alma?

 

Mídia, joio e trigo

…Afinal, para alguns, o jornalismo é mesmo separar o joio do trigo, e publicar o joio.


Para ler ouvindo Nevermind

No dia 24 de setembro de 2011 o segundo álbum do Nirvana completou 20 anos de lançamento. Hoje, Nevermind faz parte da lista de Top 10 dos álbuns mais importantes do mundo em qualquer revista especializada em música e influenciou diretamente meio mundo de bandas que vieram depois. A outra metade sofreu apenas influência indireta.

Meu contato com Nirvana sempre seguiu em uma via afetiva. Quanto tinha 11 anos, a banda lançou uma coletânea que incluía “You know you’re right”, gravada no final da carreira, em 1994. O vídeo mostrava três carinhas de cabelos sebosos quebrando guitarras, baixos e baterias enquanto o vocalista esgoelava o refrão “Paaaaaaaaaaaaaaaain” 23 vezes seguidas. Fiquei embasbacado. Tinha encontrado o paraíso em um vídeo de três minutos.

 No corredor da minha antiga casa, entre a cozinha e sala de estar, ficava um antigo som Gradiente, ainda com vitrola e duas caixas de som maiores que um amplificador, dessas que já são patrimônios da família há mais de vinte anos. Costumava deitar no chão frio e colar o ouvido no som, para depois minha mãe gritar histérica palavrões sobre ficar surdo. Depois de um tempo, sabia o timing de cada viradinha da bateria ou linha do baixo. Nevermind foi o primeiro CD que comprei. Quase furou de tanto ouvir e terminou sendo roubado junto com o carro do meu pai algum tempo depois. Chorei horrores, foi um tempo bom :)

 Em 2001, a internet começava a bombar no Brasil. Em êxtase com Nirvana, rasguei as partes do joelho de todas as calças jeans da calça e nunca mais lavei um All star. Participei de chats da UOL onde defendia a banda contra fãs de Guns n’ Roses e passava madrugadas na net com grupos de noobs que amaldiçoavam Courtney Love na teoria em que Kurt não teria se matado. Comprei camisa preta com a letra e a tradução de Lithium na parte de trás. Era um mini punk horroroso no auge dos meus 12 anos, aaaaah, the good old days….

 De Nirvana, veio a linha condutora do gosto musical. Primeiro veio o óbvio. Grunge como Alice in Chains, Soundgarden e Pearl Jam. Depois influências tipo Sonic Youth, Pixies, Ramones e Vaselines. Era época de boom de Strokes, The Vines, Hives, White Stripes e o caralho a quatro, então isso também entrou na lista de influências. Hoje é uma mistureba de tudo isso com mais um pouco de guitarras distorcidas, cuícas de sambas doidos, música cubana com reggaeton, punkrock inglês e tudo mais esquisito que se fosse contar, iria tudo em um texto a parte.Sempre quando algum jovenzinho me joga a clássica “Qual é sua banda predileta” respondo Nirvana e nem sei ao certo dizer o porquê, o feeling da banda era algo que vinha do estômago, um conceito dionisíaco de música, qualquer banda que faça um som sincero, barulhento, honesto e sem firulas me apetece. Nem costumo mais ouvir Nirvana, a não ser umas coisinhas do In útero e do unplugged, ou coisas raras que se veem pelos youtube da vida, mas, pelos dos vinte anos de Nevermind, participei com orgulho,dos dez últimos anos.

Pac Cemetary

Por Douglas Maciel

Logicamente no dia de finados, em dois de novembro, todos os cemitérios do país ficam mais movimentados com os familiares prestando homenagens aos parentes morto. Com esse intuito,  o já conhecido artista plástico  “Markin” Pinta alia a arte  à sua forma de respeitar os antepassados. Sempre com um olhar irreverente e moderno, Markin não para de produzir novas obras em Brumadinho. Para isso, ele desenvolve seu trabalho artístico em ambientes “pouco usuais” no mundo da arte. Dessa vez não foi diferente. O artista resolveu produzir sua nova obra no cemitério municipal. Mais precisamente no lugar mais what the fuck  inesperado possível: O túmulo de seus familiares.

Com essa obra, Marquinhos “desloca” o objeto (neste caso o túmulo) de sua função, que é ser um depositório de mortos, e o utiliza como suporte artístico. Um dos motivos de Marquinhos para a realização desta obra, também é o fato de o cemitério ser o único lugar em Brumadinho onde não há uma obra ou pintura de sua autoria. “Existem trabalhos meus, principalmente no campo da publicidade, espalhados por Brumadinho inteiro. Só o cemitério não possui. Tem apenas minha caligrafia”, diz o artista que já pintou muitos letreiros nos túmulos do cemitério.

Markin Pinta não sabe qual será a reação das pessoas que passarem pelo túmulo de sua avó, mas é justamente essa infinidade de possibilidades de reações das pessoas que o atrai. “O que vai acontecer aqui hoje, agente não sabe a reação das pessoas. O cemitério é um lugar muito sombrio e com este trabalho de hoje vou trazer um pouco de cor para este lugar, onde as pessoas vão poder passar aqui e ter um sentimento diferente, como foi o do caixão daquela vez. Talvez as pessoas possam ter outro momento de reflexão”. Uma coisa é certa: não dá para prever o que pode sair da mente criativa de Markin Pinta. Não há limites para suas ideias e as possibilidades que ele vislumbra são as mais variadas possíveis.

OBS: Fãs de Ramones irão entender o título.

La obra en tu gran finale

Vi no blog do Douglas

A arte que vem das ruas

Por Marinha Luiza

Para quem produz arte e ainda não tem lugar para expor seu trabalho, o Edifício Maletta, em BH oferece o espaço ideal para isso: a galeria Ystilingue. Segundo Moshe, um dos idealizadores, o Ystilingue é um espaço libertário, anárquico e aberto a experimentação.A galeria conta com exposições, apresentações e oficinas de artistas plásticos, grafiteiros, poetas, capoeiristas, entre outros. “A gente não tem a intenção só de vender as obras, mas discutir as experiências de quem está produzindo”, diz. As exposições, intituladas “Piolho Nababo”, acontecem sempre às sextas-feiras, das 19h às 23h. A entrada é gratuita e as obras são vendidas a partir de R$1,99. Para participar é só das as caras nas reuniões realizadas toda segunda-feira, a partir das 19h e definir a melhor data para mostrar seu trabalho. O artista decide com qual porcentagem de lucro pode colaborar.

Entre ética e etiqueta

 

Vez ou outra entra em pauta na mídia nacional, assuntos ligados à própria imprensa. São lutas contra o monopólio de informação, propostas para o marco regulatório da mídia e notícias sobre desvio de ética jornalística de veículos da imprensa brasileira. Recentemente, as Organizações Globo, ofereceram ao público os princípios editoriais que direcionam a qualidade de seu jornalismo.

 Os princípios editoriais são procedimentos da redação indispensáveis para toda empresa jornalística em busca de credibilidade. Na teoria, tem o objetivo de produzir um jornalismo ético cada vez mais crítico, moderno e pluralista. Na prática parece ter se tornado etiqueta para maquiar interesses financeiros de veículos midiáticos. Vale lembrar que a conduta jornalística se mapeia no espaço público e deve se nortear no interesse da sociedade. O que informar, para quem, para quê, são perguntas que hoje perdem espaço para outras como: A quem devo proteger, a quem devo atacar, qual é o lucro na posição tomada. O problema é quando os interesses passam por cima do motivo da existência do jornal: Reportar, de forma ética, acontecimentos relevantes da sociedade.

O abismo entre o que é dito e o que é praticado no jornalismo da Globo é algo absurdo. Logo em sua primeira seção, Intitulado “Os atributos da informação de qualidade” é dito: “Na apuração, edição e publicação de uma reportagem, os diversos ângulos que cercam os acontecimentos que ela busca retratar ou analisar devem ser abordados. O contraditório deve ser sempre acolhido, o que implica dizer que todos os diretamente envolvidos no assunto têm direito à sua versão sobre os fatos, à expressão de seus pontos de vista ou a dar as explicações que considerar convenientes.”

Sem o menor esforço, qualquer cidadão brasileiro dotado da mínima crítica política consegue se lembrar de algum episódio onde a emissora de Roberto Marinho rompeu bruscamente com o que é dito em seu princípio editorial. E nem é preciso ir muito longe. Nas eleições presidenciais de 2010, durante passeata, o candidato tucano José Serra teve o ápice de seu momento artístico e injustamente ficou de fora nas indicações do Oscar para melhor ator daquele ano. Ele fora flagrado simulando ser vítima de um golpe causada por um pesado objeto em sua cabeça, quando na verdade, não passava de uma simples bolinha de papel. No mesmo dia do ataque, o Jornal Nacional editou o vídeo e exibiu apenas o que julgava ser conveniente aos interesses da emissora. Em resposta, canais da web exibiam o vídeo na íntegra. O momento mais podre de seu jornalismo foi quando, mesmo após exibições na internet, o Jornal Nacional firmou o pé e manteve sua errônea versão dos fatos.

Tal episódio não é mera coincidência. O que a Globo fez foi manipular dados para proteger seus aliados. Além de possível empatia política, o que faz emissoras se venderem para poderes externos ao jornalismo ético é óbvio: Lucro financeiro. A dose mais amarga de infelicidade é ver veículos da imprensa se postar como ético, quando na verdade, o que lançam para o público, é apenas um manual de etiqueta, mera maquiagem do que deveria ser feito corretamente, e o que é feito na realidade.

Um lead para construção, de Chico Buarque

 

Como seria  a abertura da notícia que fala sobre sua coisa favorita (seja ela música, filme, livro, ect)?O primeiro post do Lead Livre segue construção de Chico Buarque, se você estiver afim de mandar um outro lead com analogia à qualquer coisa, manda um email pra cá! :) (manda com título, bigode e é claro, o lead). Aliás, se você quiser mandar qualquer coisa, entre matérias, artigos, podcast, o email é santadrops@gmail.com

 

 

Operário morre ao cair de edifício e atrapalha trânsito

Tarde de sábado é marcado por acidente em construção civil e congestionamento em avenida

O congestionamento que atrapalhou o trânsito nesse sábado foi causado pela morte do operário de construção civil Franscico de Hollanda na contramão da avenida. Após o horário de almoço, ele caiu do edifício no qual trabalhava. Ainda não se sabe a causa do acidente e não foi descartada a hipótese de suicídio. Com indícios de embriaguez, a vítima agonizou no passeio público, e morreu pouco tempo depois deixando mulher e filhos.

 

Draw #2

 

 

Marco de concreto

Por Daniela Figueiredo

As palavras da arquiteta Patrícia Yegros resume a ótica de muitos belo-horizontinos ao se depararem com um dos edifícios mais importantes da capital: o Conjunto Governador Juscelino Kubitschek.

O que era referência de modernidade na época de seu planejamento, hoje é considerado por muitos como a “favela vertical”. Talvez por não conhecerem sua história, ou não refletirem que o conjunto acompanhou o progresso da capital mineira, quando ele por si só já era um símbolo da ousadia arquitetônica.

À primeira vista, sua grandiosidade passa despercebida pelos passos apressados que trafegam na região. Mas, aqueles que param para observá-lo, conseguem criar, destruir ou modificar imaginários a partir da experiência com o local. A estudante de fonoaudiologia Ágatha Cristie Ribeiro, que sempre passa em frente ao conjunto, nunca havia percebido que o edifício ao qual se depara todos os dias é o famoso Conjunto JK. “Eu sempre achei que eram dois edifícios separados, sem nenhuma ligação, até o dia em que eu descobri que era o edifício JK. Primeiro, me decepcionei com a estrutura externa, mas depois conheci uma moradora e quando entrei no prédio, fiquei maravilhada com o tamanho e com a beleza do conjunto”, conta.

Criado para ser habitado por funcionários públicos do estado e receber eventuais turistas, o JK foi uma tentativa de construir uma nova realidade para o morador: serviços rodoviários, hotelaria, amplo espaço para convivência, restaurantes, museu de arte contemporânea, boate, teatro, cinema, “jardim encantado” e restaurante americano.

O projeto, assinado pelo famoso arquiteto Oscar Niemeyer, planejado em parceria com os setores público e privado, contava com uma proposta de um novo modo de vida urbano. A intenção era fazer do conjunto habitacional um marco, uma “cidade” dentro da cidade, que nos seus arredores e interiores estão inseridos todos os suprimentos necessários para propiciar aos cidadãos uma vida moderna.

Apesar da proposta inicial não ter se concretizado por completo, manteve-se a preocupação por espaços coletivos. Luiz Carlos Borges, residente do edifício há 16 anos, conta que em toda data comemorativa há uma festa de confraternização. Segundo ele, esses eventos contribuem para que os moradores se conheçam e tenham uma área de convivência que no dia-a-dia não é possível devido à rotina de uma cidade grande. “Mesmo com a grande quantidade de moradores (são quase cinco mil ao todo), eu quase não encontro com meus vizinhos nos corredores. Ao contrário do que parece, o prédio é muito silencioso e a solidão consegue bater à porta de muita gente aqui. Se não fosse por essas confraternizações, que a administração do prédio organiza, eu não conheceria tanta gente como conheço hoje. Por isso, as festas são tão importantes para os moradores”, relata.

Elmo Pechir, ex-morador do JK, conta que já na década de 1980, quando habitou o edifício, o controle de entrada e saída de pessoas era rígido. De acordo com Elmo, toda vez que algum amigo ou parente ia visitá-lo, ele tinha que descer para buscar o visitante, caso contrário, a entrada não era permitida. “Uma vez, eu fui assistir a um jogo de futebol na casa de um amigo, mas a televisão dele estava quebrada, então resolvi levar a minha. Ao chegar à portaria com a TV foi àquela confusão. O porteiro não queria me deixar sair do prédio com o aparelho mesmo eu dizendo que era morador e que a televisão era minha. Tive que desistir de levar a TV e acabei perdendo o jogo”, lembra.

A arquiteta Patrícia Yegros lamenta o atual estado do maior e mais rico objeto arquitetônico e histórico de Belo Horizonte. Ela diz que apesar da grande reforma (a maior da América Latina) que está em andamento há 15 anos, sua concepção, história e arquitetura são completamente ignoradas. Mas, ainda de acordo com a arquiteta, a ideia que deve ser ressaltada é que o edifício JK está vivo em sua intensidade cotidiana efervescente e jamais poderá ser escondido ou derrubado. “Se a cidade não assumi-lo, ele ainda estará lá, se impondo à opinião pública, sempre persuadida pela maioria. Deveríamos perceber logo o sentido que tal fizera no passado, como um monumento, que se não foi de vitória, foi de esperança, mas jamais como uma ruína”, conclui.

Draw #1: Kurt Donald Cobain

 

Quem torturou e matou?

(Meta-jornalismo retirado do blog quemtorturou.wordpress.com)

Vladimir Herzog foi jornalista, professor da USP e teatrólogo. Intimado, apresentou-se em 24 de outubro de 1975 ao DOI/CODI-SP para esclarecer supostas ligações com o PCB (Partido Comunista Brasileiro). Taxado de subversivo, Herzog foi encarcerado, humilhado, torturado e assassinado por agentes do regime militar. Conforme a versão oficial da época, o jornalista teria se suicidado, enforcando-se com um cinto.

Os jornais afirmavam o suicídio. O artista plástico Cildo Meireles carimbava nas notas de cruzeiro uma dúvida: “Quem Matou Herzog?”.

Dilma Rousseff foi estudante de economia, militante política e professora. Presa em janeiro de 1970, acusada de coordenar setores operário e estudantil da VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária), foi encarcerada, humilhada e torturada por agentes do regime militar.

Tito de Alencar Lima, conhecido como Frei Tito, foi um frade dominicano e ativista político. Acusado de subversão, foi preso em 1969 e torturado, ininterruptamente, durante três dias. As agonias no cárcere não abriram a boca do frade, mas estilhaçaram sua lucidez, pois, mesmo no exílio, nunca recuperou a paz que lhe fora sequestrada. Rotineiramente vendo o espectro de seus algozes, Frei Tito se enforcou, em 1974, em L`Arbresle, próximo à cidade francesa de Lyon.

Alexandre Vannucchi Leme, sorocabano, foi estudante de geologia da USP e militante do movimento estudantil. Acusado de integrar os quadros da ALN (Ação Libertadora Nacional), foi detido em 16 de março de 1973 pelos “encapuzados” da OBAN (Operação Bandeirante) – organização paramilitar que ganhou as ruas a partir de 1969 –, sendo barbaramente torturado e assassinado nas dependências do DOI/CODI-SP. Foi enterrado como indigente. Conforme a versão oficial da época, o estudante morreu atropelado por um caminhão, quando fugia da polícia.

 O que ocorreu com eles foi uma regra durante o regime de exceção: são raros os presos políticos que não sofreram nenhum tipo de tortura. Como Dilma, Tito e Alexandre, centenas de cidadãs e cidadãos brasileiros foram atrozmente torturados e assassinados. Como Virgílio Gomes da Silva e Aylton Adalberto Mortati, muitos morreram dentro da sala de torturas, ou saíram dela com deficiências físicas ou distúrbios psíquicos irreparáveis. Outros tantos, como João Carlos Haas Sobrinho, Isis Dias de Oliveira, Heleni Telles Ferreira Guariba e Mario Alves de Souza Vieira, simplesmente “desapareceram”, sendo que o contexto desses desaparecimentos, bem como o destino dos corpos, nunca foi esclarecido.

Sobre esses fatos, os jornais e a imprensa em geral se calaram, e até hoje mantêm seu silêncio. As cédulas de reais carimbadas com as inscrições “Quem torturou Dilma Rousseff ?”, “Quem torturou Frei Tito ?” e “Quem matou Alexandre Vannucchi Leme ?”, reformulam a dúvida lançada por Cildo: “afinal, quem foram os agentes do regime militar que cometeram tais atentados contra os direitos humanos?”.

Se ainda nada sabemos, isso só ocorre por conta do desrespeito e da omissão do Estado brasileiro em garantir o inalienável Direito à Memória e à Verdade às vítimas, a seus familiares e à toda sociedade.

Mesmo que reparações econômicas às vítimas e seus familiares tenham ocorrido nos últimos anos, o Brasil até agora não realizou os demais mecanismos e estratégias tidos como imprescindíveis para enfrentar o legado de violências de um regime autoritário – que ainda se perpetua em alguns órgãos da administração pública. Os sintomas são claros: os violadores de direitos humanos não foram investigados, processados e punidos; os criminosos envolvidos em instituições relacionadas ao exercício da lei, bem como os que ocupavam outras posições de mando e autoridade, não foram afastados de seus respectivos cargos públicos. É certo que algumas poucas instituições responsáveis por disseminar a violência foram extintas, mas outras não foram sequer reformuladas.

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Kaspian Shore

Kaspian Shore é um pintor alemão de 26 anos que atualmente vive em Münster. É autoditada desde os 16 anos, idade de quando abandonou os estudos.

Kaspian vem se inspirando no contraste tênue da melancolia e a elegância, suas pinturas tem como tema maior tema homens andróginos e figuras etéreas. O alemão usa lápis, aquarela, tinta óleo, sobre papel, tela e madeira, o que resulta em uma trabalho bastante delicado.

Site oficial: Kaspianshore.com

O registro dos vencidos

Por Danilo Viegas e Douglas Maciel

Com o livro “Réquiem para o Inhotim” Valdir de Castro Oliveira homenageia a memória e identidade coletiva da comunidade de Inhotim, perdida devido ao avanço do museu de arte contemporânea.

No dia 19 de abril o jornalista e escritor Valdir de Castro Oliveira esteve no Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais para o lançamento de seu mais recente livro: “Réquiem para o Inhotim”. O livro busca retratar poeticamente o sentimento de identidade de uma comunidade de aproximadamente 300 pessoas que viveram entre 1870 e 2002 na região, ano de inauguração do Museu Inhotim de Arte Contemporânea. Valdir conta que o interesse para a escrita do livro surgiu na necessidade de registrar os depoimentos de moradores mais antigos da região. “As pessoas vinham me procurar, porque achavam que eu, como jornalista agüentaria transpor em palavras aquela memória coletiva. Fui transformando em poesias, e publicando nos jornais. Isso fez com que crescesse em mim um conhecimento muito grande sobre a história e sentimento da comunidade, se criou um elo de identificação.”

O livro conta que Valdir considera todos os ex-moradores da comunidade co-autores do livro porque resgata uma identidade coletiva. Para ele a questão da memória é tema fundamental no livro. “Precisamos saber de onde viemos e o que falta pra frente, pra fazer história é preciso ter memória. A história deixa o vencido esquecido nos escombros, é sempre contada pelo vencedor”. O que não foi o caso dessa história. “Infelizmente para o museu e felizmente para a comunidade, ela me tinha como jornalista e militante” completa ele.

O autor se vale de grande acervo da região para construir suas poesias, acervo não só imaterial como sua memória e vivência junto ao lugarejo, mas também incontáveis fotografias e suas várias reportagens a respeito da comunidade que foram constantemente publicadas pelo Jornal Tribuna desde 2003, aliado aos depoimentos de seus muitos amigos, ex-moradores do Inhotim. Dessa forma, Valdir vai tecendo seus poemas cheios de imagens, cores, sabores e personagens. Recria situações, descreve até mesmo o clima da região, as curvas do Paraopeba, as pescarias, o mistrinho correndo pelos trilhos, as saborosas quitandas e as animadas festas na Igrejinha.

Réquiem para o Inhotim é uma homenagem a comunidade e ao mesmo tempo um protesto (ou um pró-texto?) ao seu desvanecimento onde não se exige do leitor nem muito conhecimento, nem muita sensibilidade, apenas o deixar-se levar, tomar o trem da memória nas curvas do Inhotim

Memória

No livro de Gabriel Garcia Márquez, a cidade de Macondo é fundada pela Família Buendía. O que começa como simples aldeia atravessa tempos, se forma, cria seus conflitos e no final é engolida por uma tempestade de areia. Segundo Valdir de Castro, Inhotim é uma espécie de Macondo da vida real, tendo o Museu de arte contemporânea como a tempestade de areia causadora do fim. Valdir parafraseia o poeta Carlos Drummond de Andrade dizendo que a identidade da comunidade de transformou na pedra no meio do caminho do museu.

Segundo o autor o livro não funciona como uma crítica ao museu. É simplesmente a comunidade contando sua história. “O fim da comunidade é irreversível” Diz o autor. Para ele a importância que atribuímos às coisas e as pessoas têm um grau de subjetividade muito importante, o que o criador do museu de Inhotim Bernado Paz fez foi destruir não apenas símbolos físicos da comunidade, mas também apagar a memória coletiva do local, é uma leitura a partir de uma situação posta pelo Museu, diz Valdir.

 Novo livro

Valdir já está preparando um novo livro a respeito da comunidade de Inhotim. “O próximo livro não terá uma abordagem poética e sim uma abordagem ensaística, no sentido de que eu trabalho os princípios da comunicação, do jornalismo e princípios teóricos de comunidade. O livro faz primeiramente uma discussão teórica sobre estas questões e em segundo lugar eu trabalho com um material de pesquisa que são as mídias locais”, falou. O autor pega dez anos de publicações em jornais locais da região com textos sobre a comunidade de Inhotim, todos de autoria de Valdir, e faz uma análise dessas matérias. O objetivo é mostrar a importância das mídias locais, que é um assunto pouco discutido no Brasil, relacionando jornalismo com memória. Outra questão discutida neste novo livro é a idéia de comunidade.

Entrevista

Douglas Maciel – Como está sendo a recepção do seu livro?

Valdir – Está sendo muito boa, principalmente pelos ex-moradores da comunidade do Inhotim que constituem o alvo principal do livro. O interessante é que, a medida que o livro vai sendo lido, novas estórias ou novas interpretações surgem a partir destas pessoas que se reconhecem no livro refletem de que maneira ajudaram a forjar os sentidos de sua experiência social na comunidade do Inhotim. Mas outras pessoas que, ainda que indiretamente, tenham vivido esta experiência, como é o caso da D. Elza e D. Alzira, ex-professoras do lugar nas décadas de 50 e 60, respectivamente, também trazem a luz reminiscências da história escolar da região, conforme os artigos que elas publicaram recentemente no Tribuna.

DM – E fora desse universo de ex-moradores, qual tem sido a repercussão do livro em Brumadinho?

Valdir – Também está muito boa, com muitos comentários feitos por diferentes pessoas. Destaco aqui três matérias jornalísticas feitas por três pessoas diferentes e publicadas nos jornais locais e que tiveram a sensibilidade de interpretar a obra. No jornal Tribuna, Ana Amélia dedicou uma pagina inteira ao livro destacando a importância da memória coletiva nos processos históricos. No jornal da Apa-Sul, Renato Quintino fez uma resenha curta, mas captando magistralmente a sua importância como um exemplo que deveria nortear a história de Brumadinho e de suas respectivas comunidades. Já no jornal De Fato, Reinaldo Fernandes fez uma extensa e profunda análise do livro destacando o significado e o estilo dos versos, além de ressaltar a sua dimensão política para a história do município. Fora destas matérias jornalísticas ressalto aqui o papel da Secretaria de Cultura que, através da Casa de Cultura, fez o lançamento do livro, graças a iniciativa e ao empenho do secretário Caio Xavier e sua equipe, Maria Lúcia Guedes e Merenice Mazzeti, que não mediram esforços para o sucesso do evento que ocorreu no dia 15 de março. Neste dia, Caio Xavier fez uma exemplar saudação ao livro e a mim ressaltando a sensibilidade poética nele contida e a própria história da comunidade do Inhotim. Vale ressaltar que todas estas pessoas assim só se manifestaram após cuidadosa leitura da obra.

DM – E fora de Brumadinho?

Valdir – Apesar de contar com uma divulgação bastante modesta, fui convidado para apresentar o livro na Bienal do Livro no Rio de Janeiro em setembro deste ano. Além disso foi feito o seu lançamento no dia 19 de abril no Sindicato dos Jornalistas e que também despertou a atenção de várias pessoas, entre intelectuais, jornalistas, artistas e escritores fora de Brumadinho. Muitas destas pessoas que conheciam o Museu de Arte Contemporânea ficaram espantadas com a história ali contada porque nos relatos que escutaram, assim como nos relatos midiáticos, sobre o Museu a comunidade praticamente inexiste. Mas depois que tiveram acesso ao livro, disseram que iriam voltar ao Museu, mas observá-lo para ver se encontram ainda os vestígios da comunidade que ali existiu por quase durante 140 anos. Muitas também quiseram saber mais informações sobre a igrejinha de Santo Antônio manifestando o seu espanto por saber que ela foi vendida pela igreja para o Museu. Quer dizer, o livro está mostrando uma versão sobre os acontecimentos no Inhotim feita pelo olhar dos antigos moradores e não pelo olhar institucional do Museu. É o que o teórico Walter Benjamin chama de história em contrapelo, ao se referir às histórias que ficam submersas no tempo e no espaço e que raramente são contadas.

DM – Mas isso significa uma crítica ao Museu?

Valdir – A história contada a partir dos ex-moradores de forma independente do Museu é, por si mesma, uma leitura crítica a partir de uma situação interposta pelo Museu que, de certa forma, definiu os destinos da comunidade e provocou a sua extinção no cenário local. Considero que isso foi uma tragédia ou um destino a que inúmeras comunidades estão sujeitas no rápido processo de transformação do espaço urbano e rural trazido pela contemporaneidade, criando novos formatos de sociabilidade. É o que antropologicamente Marc Augé chamou de passagem de um lugar comunitário para um não-lugar em que inexistem os aspectos comunais das relações sociais. Para a região e para a cultura nacional o Museu foi de um ganho inquestionável, mas para a comunidade, apesar dos bons preços pagos às propriedades do local, isso não supriu nem eliminou o sentimento de perda e os aspectos subjetivos da vivência comunitária.

DM – E o Museu, como reagiu ao livro?

Valdir – Oficialmente não sei. Pode ter sido desconfortável para ele porque o livro traz algumas críticas em relação a alguns aspectos da relação que manteve com a comunidade em que vários símbolos comunitários foram unilateralmente destruídos e as promessas de reconstrução nunca foram cumpridas. Muitos dos ex-moradores, principalmente os mais velhos, ficaram ressentidos com esta postura do Museu. Na verdade, a comunidade se tornou uma pedra no caminho do Museu, como diria Carlos Drummond, à medida em a sua necessidade física de expansão nos terrenos da comunidade se apresentou irreversível. Diante deste fato foi feita uma proposta ao de parceria ao Museu por parte de alguns ex-moradores para participar de um projeto sobre a memória da comunidade do Inhotim, que foi aceito por Bernardo Paz e pelo ex-administrador, Marcelo Teixeira. Apesar disso, estranhamente, com a nova administradora que entrou no lugar de Marcelo Teixeira, esta parceria foi recusada. Pareceu-nos que a memória nascida das entranhas da própria comunidade não interessava. Mas, mesmo diante desta recusa, o projeto foi tocado com outras fontes de financiamento, inclusive com o aporte financeiro de ex-moradores, e sem a participação do Museu. Este projeto está em fase final de edição para publicação. Trata-se da história do Inhotim narrada a partir dos depoimentos dos moradores que, embora tenham muito de poesia, não se trata agora de um livro poético e sim de uma obra mais votada para as questões da memória da comunidade. Mas não creio que as críticas contidas no livro abalem ou diminuem a grandeza do Museu para a região. Como disse, é a história contada de outro ângulo, aliás, um pouco no estilo irreverente e pluralista como sugere a própria arte contemporânea que tenta sensibilizar o público a partir de uma espécie de reciclagem do olhar.

O livro podr ser comprado na internet:

http://www.submarino.com.br/produto/1/23805866/requiem+para+o+inhotim

O Jornalismo em seu papel ético

 Por Danilo Viegas

 O escritor colombiano Gabriel Garcia Marquez define a atividade jornalística com bastante propriedade e romantismo, porém não menos dotado de realidade. Para ele o jornalismo é uma paixão insaciável que só pode digerir e torná-lo humano por sua confrontação descarnada com a realidade.

 O jornalista Jorge Fernando do Santos classifica o jornalismo em três missões principais a desempenhar: informar os leitores, formar opinião e incomodar os poderosos. A terceira missão vem acompanhada de um dilema que cerca o papel do jornalismo: a ética jornalística.

 Segundo o dicionário Aurélio, Ética é o estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana independente da qualificação entre o bem e o mal. Há de se refletir o papel ético do jornalismo segundo o significado dado pelo dicionário. A paixão insaciável dita por Garcia Marquez e a busca pela verdade defendida por Clóvis Rossi devem se sobrepor ao ponto de onde termina o papel do jornalista e onde começa o papel do investigador? Ou linha do bom senso deve ser regida apenas pelo próprio profissional em questão?

 Opiniões diversas se referem a essa questão. Em especial ao caso Tim Lopes, que em junho de 2002 subiu o morro da Vila Cruzeiro com uma microcâmera escondida. A intenção era denunciar que em bailes funk patrocinados por traficantes acontecia a exploração sexual de jovens e o consumo de drogas. Tim Lopes foi espancado e teve seu corpo queimado em pneus em um método conhecido como “microondas”. Ritual usado por traficantes para matar informantes e eliminar rastros da vítima.

 O caso gerou uma das maiores discussões da década de 2000 em torno do papel ético dos jornalistas investigativos em prestar informações para a população a todo custo. Em tal episódio, a denúncia de crimes dentro do baile funk partiu da própria comunidade, que acreditava que a imprensa, em particular a TV Globo, fosse mais eficiente que os policiais.

 O assassinato de Tim Lopes reforçou a imagem do jornalista-herói, onde um crachá de repórter daria poderes de estar acima da lei. Isso reforça o mito do jornalista que tudo agüenta, um profissional em uma busca incessante pela verdade, isso de fato é verdade, mas não passa por cima do fato que o jornalista é também um cidadão.

 Em seu livro “A arte de se fazer um jornal diário”, Ricardo Noblat delimita a tênue linha de onde começa a ética profissional e onde termina o papel do Jornalista. Noblat defende que a ética do jornalista não deve ser diferente da ética do cidadão comum “Existe um limite ético, e acho que existe até um limite ditado pelo bom senso. Por exemplo, acho que uma matéria jornalística não vale a vida de uma pessoa. O jornalista, por mais obrigação que tenha de informar bem o público, deve respeitar o limite além do qual isso poderia implicar, por exemplo, na perda da sua própria vida”.

 Pessoalmente sobre o caso Tim Lopes, Noblat alerta para o dilema atrás do debate e defende que seus patrões não deveriam ter incentivado, ou estimulado, o risco que no caso levou à perda da vida dele.

 Profissão Perigo

 A complexidade do debate desencadeia uma teia de questões: A instituição por trás do jornalista deve defender seu empregado em caso de processo? Ou o jornalista deve enfrentar os poderosos e responder por uma matéria, que por ventura, emita apenas a sua opinião?

 Em dezembro de 2000, José Cleves trabalhava como repórter para o jornal Estado de Minas quando foi vítima de um assalto em que sua mulher fora assassinada. Menos de três dias depois ele foi indiciado por homicídio pelo delegado da Polícia Civíl de Minas Gerais Edson Moreira. José Cleves vinha relatando no jornal denúncias de corrupção envolvendo a Polícia Civíl e Militar de Minas. Cleves foi por três vezes finalista do prêmio Esso denunciando a corrupção policial e demorou oito anos para ser absolvido da acusação. Tudo por incomodar os poderosos.

Segundo Jorge Fernando do Santos, o caso de Cleves só não teve maior repercussão no País porque ao contrário da tragédia ocorrida com Tim Lopes, a empresa onde ele trabalhava simplesmente virou as costas para o caso. Prova disso é que a notícia de sua absolvição publicada no jornal ao qual serviu profissionalismo durante muitos anos se resumiu a 16 linhas num canto de página.

De acordo com a Folha de S. Paulo, Josemar Gimenez, diretor de Redação do Estado de Minas, disse que o papel de investigar é da polícia, não do jornal. “Ele devia dar valor ao que o jornal fez por ele; entre outras coisas, convencer o advogado Marcelo Leonardo e bancar seu salário durante dois anos, sem trabalhar.” Declaração contraditória ao fato do jornal ter publicado diariamente tais “investigações” regidas pelo jornalista da empresa. Marcelo Leonardo é Ex-presidente da OAB em Minas, e juntamente com amigos jornalistas, políticos e parentes “comprou” a luta de Cleves por vontade própria.

 Em Janeiro de 2001 a TV Globo fez uma matéria sobre o caso no programa “Fantástico”, junto com ela, toda a grande imprensa brasileira pré-julgou o jornalista, dando ênfase apenas às versões dos fatos apresentados pelo Delegado Edson Moreira. A falta de ética dos veículos de comunicação na cobertura marrom e sensacionalista pesou contra José Cleves pois uma cópia da tal reportagem foi exibida no Tribunal do Júri, sendo uma das principais peças do processo de acusação. Segundo José Cleves, o inquérito policial apresentava vários furos. Em 2006 ele foi absolvido, porém continua desempregado, é autor do livro “A justiça dos lobos – Porque a imprensa tomou meu lugar no banco dos réus”.

 O feliz seria se Tim tivesse o mesmo “faro” que Cleves, e que a empresa de Cleves tivesse a mesma “ferocidade”, mesmo que teatral, de busca que a empresa de Tim. Incidentes como esses demonstram a fragilidade dos processos midiáticos no Brasil, O corporativismo jornalístico e sua relação com o poder, o abismo que há entre os jornalistas e suas respectivas organizações. O despreparo seguido pela ingenuidade e mostra que ainda temos muitos caminhos a percorrer para que a classe de comunicadores brasileiros tenha de fato voz ativa, e conseqüentemente uma ética madura, independente.

O Mickey Mouse capitalista: Alienação em Histórias em quadrinhos

Por Marinha Luiza

Os quadrinhos, bem como outros produtos, se apresentam como um bem da indústria cultural. De acordo com Teixeira Coelho, a cultura de massa é produzida para atender as necessidades de um público que não tem tempo de questionar o que consome. Essa necessidade é suprida através de produtos padronizados, transformados em algo a ser trocado por dinheiro.

 

Compreensão do produto cultural

Indústria cultural é o termo que Adorno passou a usar no lugar de cultura de massa. Segundo Wolfgang Leo Maar, autor de “O que é política”, no prefácio que escreveu para o livro “A indústria cultural hoje”, a indústria cultural é o avesso da autonomia. “Jamais fomos menos donos de nosso nariz, por contas das imposições da lógica do mercado e do capital” (Leo Maar, 2008).

Partindo do pressuposto que a massa não digere o que consume, Dorfmam e Mattelart afirmam que o ritmo da penetração de massa dessas críticas não pode obedecer à mesma norma popularesca com que a burguesia vulgariza seus próprios valores. Essa afirmação é feita em relação ao fato de que, segundo eles, nem todos poderão compreender sua obra devido ao nível educacional de nossos povos. Segundo Umberto Eco, citado por Coelho, os apocalípticos são aqueles adversários da indústria cultural que vêem nela um estágio avançado de “Barbárie cultural”, capaz de produzir ou acelerar a degradação do homem, o que chamamos de alienação.

 

Influenciando nossas lindas crianças inocentes

Segundo o site Universo HQ, as primeiras tirinhas do Pato Donald foram feitas em 1934 quando o argumentista Ted Osborne e o desenhista Al Taliaferro adaptaram o filme de estréia de Donald para os tablóides dominicais coloridos. Em 1938 foi publicado o primeiro gibi em preto e branco. De acordo com Mattelart e Dorfman, as histórias em quadrinhos de Walt Disney eram publicadas em cinco mil jornais diários, com tradução em mais de trinta idiomas em cem países. Para eles, as criações Disney se transformaram em um acervo de reserva cultural do homem contemporâneo.

“Os personagens têm sido incorporados em cada lugar, colados em paredes, acolhidos em plásticos e almofadas, e por sua vez têm retribuído convidando os seres humanos a fazerem parte da grande família universal Disney, além das fronteiras e ideologias, aquém dos ódios e das diferenças dos dialetos.”

Dessa forma os personagens passam a constituir uma “ponte supranacional” por meio da qual se comunicam entre si e os seres humanos. Através de seus personagens, as histórias ditam o modelo a ser seguido pelas crianças. As narrativas são executadas por adultos “que justificam seus motivos, estrutura e estilo em virtude do que eles pensam que deve ser uma criança”

“Por intermédio desses textos, os maiores projetam uma imagem ideal da dourada infância, que, com efeito, não é outra coisa que sua própria necessidade de fundar um espaço mágico alijado das suas asperezas e conflitos diários. Arquitetam sua própria salvação, […] à margem das contradições que quiserem apagar por intermédio da imaginação evasiva”

 



(Retirado do Livro de DORFMAN e MATTELART, p. 18)

 

A busca pelo lucro

Uma tendência de estudos sobre indústria cultural refere-se à questão do conteúdo. Os produtos serão “bons” ou “maus”, alienantes ou reveladores, conforme a mensagem eventualmente veiculada. Para Teixeira Coelho,o critério de apreciação é subjetivo. Quem se coloca no ponto de vista da ideologia A, o produto considerado nocivo pela ideologia B será considerado válido e vice-versa ). O autor aponta que o prazer através da produção cultural é, de fato, um dos principais alvos de alguns que, preocupados com o conteúdo veiculado pela indústria cultural, tentam combater os processos de alienação. […] É que se acredita ainda […] que a busca ou admissão do prazer é indício de um comportamento grosseiro, consumista, e indício da adesão aos princípios de uma ideologia burguesa, reacionária”

Segundo Coelho, esta é uma tese de direita, já que para esta sempre interessou o controle do prazer em benefício da produtividade capaz de gerar lucros. Deve-se crer que o trabalho dignifica, é a salvação, e que a diversão deve ser admitida apenas esporadicamente, apenas como elemento reforçador do trabalho. “Eficácia, rendimento e prazer são coisas que não rimam, nesta sociedade de extermínio do homem em que vivemos”  Essa busca pelo lucro é traduzida nas histórias em quadrinhos da Disney em forma da procura constante por outro. É possível perceber que quase todas as histórias têm como tema central as viagens ao redor do mundo procurando ouro depois que mapas do tesouro acabam caindo nas mãos do Tio Patinhas. “Dysneylandização é uma dinheirização: todos os objetos […] se transformam em ouro. E ao sofrer essa conversão, chegaram ao limite da aventura: não se pode reduzir o ouro a nada mais simbólico. A única coisa que resta é partir para buscar mais […]”

Entretanto, no mundo de Disney ninguém trabalha para alcançar seus lucros. Todos compram, vendem, consomem, mas nenhum destes produtos custou algum esforço para aparecer. A grande força de trabalho neste caso é a natureza, que faz os produtos humanos e sociais aparecerem de forma natural. Aqui o processo de produção desaparece bem como a relação pai-filho, impossibilitando a ligação do produto com sua energia criadora. “A simetria entre a falta de produção biológica direta e a falta de produção econômica não pode ser casual e deve ser entendida como uma estrutura paralela única que obedece à eliminação deste mundo do proletariado, o verdadeiro gerador dos objetos ou, nas palavras de Gramsci, o elemento viril da história, da luta de classes e do antagonismo de interesses” Disney se apropria dos produtos e do trabalho que os gerou, repetindo o que a burguesia tem feito com a força de trabalho do proletariado. É o mundo que a burguesia sempre sonhou, acumulam riquezas sem enfrentar seu principal produto: o proletário.

 

 

A Indústria Cultural como produto: Engolindo a Contracultura

As Raízes de contestação:

“Quase todos os debates relevantes sobre cultura e política no últimos 40 anos foram uma reação ao que se fez nos anos 1960” (Gilmore, 2010, Prefácio “Ponto final – Crônicas sobre os anos 1960 e suas desilusões)

 

Para dar início ao assunto é preciso também dar conceito do exemplo em questão, embora seja inapropriado definir o termo (pois o movimento surge como forma de mobilização e contestação social para a ordem vigente conservadora que se apropriava de tudo para definir, conceituar e formatar) pode se ter a idéia geral de contracultura como um movimento que tem seu auge na década de 1960 quando a sociedade obteve vultoso crescimento dos meios de comunicação de mídia para as massas, sendo assim se caracteriza o movimento da contracultura por sua mobilização e contestação social. Utilizando novos meios de comunicação em massa, inovando estilos (Na Literatura com os Beatniks e no cinema com a Nouvelle Vague). A contracultura veio com uma força de espírito mais libertário, resumido como uma cultura underground, alternativa ou até mesmo marginal, focada principalmente nas transformações da consciência, dos valores e do comportamento. Feito assim para contestar o sistema, e mais propriamente nesse estudo sobre a comunicação dada através da cultura.

“É vital a importância dos meios de comunicação de massa para configurar a contracultura: “pela primeira vez, os sentimentos de rebeldia, insatisfação e buscas que caracterizam o processo de transição para a maturidade encontram ressonância nos meios de comunicação” (Carvalho, 2002, p. 7 “Entre o poder e a mídia”).

 Sendo assim, chega o momento de objetivo no aprofundamento dessa questão: Como algo que nasceu solidificado a ser marginal no ponto mais artístico da sociedade pode ter sido capitalizado e comercializado a ponto de ser algo a ser consumido? O movimento, por ter sido criado nas bases de pensamentos contra culturais entra em contradição quando há sua conversão em mercadoria? O presente estudo não pretende responder tais questões, mas sim apresentar idéias sobre indústria cultural, contracultura e a sociedade contemporânea para que o leitor absorva as melhores idéias, e criando sua própria linha de raciocínio e conclusão possa a responder as questões por si só.

 Concessões Culturais:

 Da idéia para a mercadoria A mística da marginalidade presente na filosofia de Sartre, nos Filmes de Godard, nos livros de Kerouac, na música de Dylan foi revertida, engolida, mastigada, empacotada e posta à venda para ser não só absorvida, vista, lida ou escutada, além de tudo isso, a idéia geral foi posta a venda para ser também consumida, trocando em miúdos: A produção cultural e intelectual passou a ser guiada pela possibilidade de consumo mercadológico com a mais abrangente face capitalista, não importando se fosse pró ou contra as idéias desse consumo (como o exemplo estudado) Em seu Livro de 1947 “Dialética do Esclarecimento” Adorno explica e analisa a produção e a função da cultura no capitalismo digerida pelos veículos de televisão, Rádio e Jornal e o uso desse mídias por parte da classe dominante, para disseminação de suas idéias conformistas e controle da população. “A diferenciação técnica e social e a extrema especialização levaram a um caos cultural. Ora, essa opinião encontra a cada dia um novo desmentido. Pois a cultura contemporânea confere a tudo um ar de semelhança. O cinema, o rádio e as revistas constituem um sistema. Cada sector é coerente em si mesmo e todos o são em conjunto. Até mesmo as manifestações estéticas de tendências políticas opostas entoam o mesmo louvor do ritmo de aço.” Porém há também de serem apresentados os aspectos positivos de tal indústria, como por exemplo: a ampliação e propagação de idéias que antes eram voltadas somente para o mercado de nicho.

“O punk não passa de um modismo, nada que abale as estruturas do sistema, que reverte e capitaliza em cima da idéia”

           Raul Seixas

Referencias Bibliográficas: COELHO, Teixeira; O QUE É INDÚSTRIA CULTURAL; 1980, 4ª edição, editora Brasiliense.

Tipografia #2: Roke 1984

Site: http://webdesignledger.com/freebies/9-new-high-quality-free-fonts

A axiologia dos super-heróis (e seu papel de espelhamento no inconsciente coletivo da sociedade)

Buscando como base a vida em sociedade de um cidadão comum saturado de obrigações burocráticas, processos mercantilistas e as relações sociais presentes em uma sociedade contemporânea capitalista, cria-se uma necessidade de superar e conquistar uma liberdade, mesmo que imaginária, com o objetivo de compensar a falta de liberdade real. Justamente dentro desse conceito de liberdade imaginária, o fenômeno cultural das histórias em quadrinhos, é tido como principal expoente dessa indústria, servindo como ponte entre a prisão real, e a liberdade imaginária.

A resposta do como e porque isso acontece vem da axiologia presentes nas HQs (trabalhado aqui especificamente com as dos super-heróis) O aspecto axiológico, isto é, fundado num propósito de idéia de valores, exerce influência sobre os leitores, pois se diz respeito a temas presentes e constantes na sociedade moderna, a moral e os bons costumes, a luta pelo poder e os combates muitas vezes expressam o desejo de liberdade, a luta contra a opressão, mas outras vezes se tem apenas a reprodução da competição típica da sociedade capitalista. Nildo Viana em seu artigo “Super Heróis e Axiologia” lembra que a própria existência de criminosos, de super-vilões, aponta para a existência de conflitos sociais, também constantes no “mundo real”.

As histórias dos super-heróis são histórias de indivíduos extraordinários e nunca de grupos sociais, o herói é um indivíduo que possui qualidades consideradas especiais, tais como habilidades físicas, mentais psicológicas ou morais e éticos, sendo a coragem o atributo mais característico. A qualificação de herói é aplicável a indivíduos concretos que se destacam em nossa sociedade, tendo assim um espelhamento de não apenas entre o personagem e seu alter-ego (Peter Parker e o Homem-Aranha, Bruce Wayne e o Batman), mas também entre o consumidor dessas histórias e sua vida particular.

Essa dupla face dos super-heróis revela que o objetivo consciente dos criadores das histórias é determinado pelos valores dominantes. E daí vem o espelhamento da axiologia do mundo fantasioso para o real. A possibilidade de uma continuidade entre a vida cotidiana de qualquer consumidor de HQs e a vida plena de realização, de poder e de notoriedade de um herói tido como mártir do universo faz nascer um ocultamento da personalidade que se expressa na prática de uma “profissão ortodoxa”. Mesmo não estando de acordo com a justiça oficial e criando sua ação os super-heróis trabalham como qualquer cidadão, pois representam de sua própria forma o que é certo, e sabem que funcionam como um espelho para a humanidade em questão.

Se os super-heróis se mantessem financeiramente com o auter-ego em ação (excluindo apenas o caso do Superman, pois nesse caso se tem Clark Kent sendo o auter-ego do herói.) se perderia também todo o valor defendido pela democracia estadunidense, tal como a representação do trabalho como algo “dignificante e enaltecedor”, realizado dentro da ordem social e das normas legais segundo o estado conservador que está no poder.

 

A divisão entre dois grandes nomes: DC e Marvel

A representação da indústria cultural no que se refere às histórias em quadrinhos traz dois grandes nomes no mercado estadunidense de editoras de novelas gráficas para entretenimento: DC (sigla de Detective Comics) e Marvel (apelidada de “House Of Ideas” – Casa Das Idéias) tendo as duas suas diferenças singulares ao modo de se fazer quadrinhos: As histórias da Marvel  se distingue das demais pelo universo em que se desenvolve ter características mais próximas da realidade, sendo mais humanizado e verossímil. Os argumentos exploram a caracterização dos personagens de forma mais psicológica. Partindo da HQ criada por Steve Dikto e Stan Lee nasce o Homem-Aranha:

Jovem com falta de auto-estima e muitos problemas mundanos, semelhantes ao de muitos adolescentes, tímido, mas extremamente inteligente. Peter é  desajeitado com as garotas e não possui muitos amigos, após ser picada por uma aranha radioativa (na versão gráfica intitulada “Ultimate”) provoca mutações no organismo e ganha forças sobre-humanas: velocidade, resistência, grande agilidade e reflexos aperfeiçoados.

Com a morte do tio, decide lutar contra o crime seguindo sempre um conselho dado pelo falecido tio: “Com grandes poderes há grandes responsabilidades”

Tudo isso traz um caratér axiológico muito pessoal de identificação entre a história de Peter Rarker com a de seus ínumeros leitores, fazendo do homem-aranha um dos super-heróis mais humanizados das histórias em quadrinhos, vale lembrar que o aranha é  um dos primeiros heróis a ganhar dinheiro com o uso de seus poderes: Peter Parker vende fotos do Homem-Aranha para o Clárim diário. Seus motivos, porém, são altruístas: ele ajuda a tia viúva e idosa a pagar as contas, principalmente com os remédios.

Este novo olhar acabou por incentivar uma revolução nas histórias em quadrinhos com o passar do tempo. Até mesmo a concorrente DC Comics adotou algumas inovações realizadas pela Marvel em suas histórias, buscando outras formas de caracterizar seus heróis paladinos, tal como maior exemplo o próprio super-homem;

Kal-El nasceu no fictício planeta Kripton. Foi mandado à Terra por Jor-El, seu pai, cientista, momentos antes do planeta explodir. O foguete aterrissou na Terra na cidade de Smalville (ou na tradução: Pequenópolis), onde o jovem Kal-El foi descoberto pelo casal de fazendeiros  Jonathan e Martha Kent e batizada com Clark Kent (Confirmando com o que já foi dito de Clark Kent ser o alter-ego em questão) Conforme foi crescendo, Clark descobriu que tinha habilidades diferentes dos humanos, como

Força sobre-humana, velocidade, resistência, invulnerabilidade, sopro congelante, super audição, poderes extra-sensoriais e visuais, longevidade, vôo, inteligência e regeneração, tudo isso com um porém: por forças maiores o Superman não pode mentir.

O fato em questão se torna um exemplo claro do espelhamento de valores sobre moral e ética, na qual fica claro o valor da axiologia dos super heróis paladinos da DC: O superman funciona como um símbolo do homem perfeito, um defensor dos ideais repúblicanos e democráticos de liberdade, igualdade e fraternidade, um exemplo a ser seguido, pois mesmo sendo o homem mais forte do universo, seu alter-ego trabalha como reportér do Planeta Diário para sustento próprio.

O que traz certas diferenças entre os estilos das duas editoras também apresenta semelhanças que não são por coincidência: As cores dos uniformes do Homem aranha e Superman (vermelho e azul) simbolizam a bandeira dos estados Unidos da América que por sua vez se remetem aos príncipios da revolução francesa: o azul é liberdade, o vermelho simboliza igualdade e o branco significa a fraternidade. (São esses os simbolismos usados pelos republicanos na criação das treze colonias estadounidenses)

 

O simbolismo e a indústria

Influindo em cultura, nas línguas e costumes, a junção “texto + imagem” se converteu em alimento para consumo de massa para todo o mundo, modelando todo o caratér da linguagem e se formando um dos principais objetos de análise e estudo no domínio da comunicações.

Através do conhecimento em quadrinhos se pode propor uma nova compreensão em tom global sobre indústria cultural, o simbolismo através do inconsciente coletivo axiológico e sua influência na dicotomia dos leitores, esta mesmo incluída no caratér do simbolismo dos super heróis, que se tornando através do produto consumidores dessa indústria, e por meio de consumidores críticos, que tenham conhecimento da Indústria Cultural que se pode ter a possibilidade de interferir para aperfeiçoá-la e melhorá-la. Não para piorá-la. As HQs tem essa difusão, percebe-se que se torna mais dificil compreender a sociedade contemporanêa globalizada sem compreender a cultura que ganha força com textos e imagens, concluindo assim que, sem passar por esse entendimento, é cometer um grande equívoco em termos de comunicação social.

 

Gabito, um cara como só ele.

 

Caroline Muniz andava vasculhando alguns blogs desde a criação do seu quando, através de uma amiga, em um dia típico de dezembro, encontra o “Caras como eu”. Atualmente, segundo palavras da própria, está viciada e acessa a página a cada cinco minutos. Assim aconteceu com ela e várias outras pessoas que descobriram o blog de Gabito Nunes, que hoje movimenta cerca de 50 mil visitas mensais.

“Caras como eu” surgiu há dois anos e meio quando Gabito Nunes passou por uma desilusão amorosa. “Senti a necessidade de organizar os pensamentos. Eu sabia que escrevia bem e tinha muito interesse no assunto, mas não esperava que a coisa fosse crescendo, ganhando leitores e outros incentivos”, disse em entrevista ao Wear Sunglasses.

O blog virou livro e foi lançado no final de 2010 sob o título “A manhã seguinte sempre chega”. O autor conta que nunca procurou por um desenvolvimento no mercado literário, mas foi indicado para a Editora Leitura, que bancou a ideia do livro. “Eu tinha um público não muito pequeno, o que sedimentou o projeto comercialmente. Tudo aconteceu muito por acaso, sem saber até onde chegaria”, completou.

A assistente social e também blogueira, Yohana Sanfer, disse que passou a acompanhar o blog após a leitura do livro. “Considero um ‘antídoto’ pro vício bom que o livro causa: o de querer mais depois de ter provado a escrita contagiante de Gabito”.

Em relação aos seus textos, Gabito acha difícil “transcender sua própria experiência”, portanto quase nunca condizem com seu estado de espírito atual. “Em tudo há um pouco de mim, mas, sobretudo, muito dos outros. Acho a autobiografia muito chata, porém a linguagem em primeira pessoa é muito sedutora”.

Os contos foram escolhidos através de um processo “árduo”. Gabito selecionou os 300 melhores, cortou 160, e, finalmente, chegou ao número de 100, privilegiando os que eram escritos em primeira pessoa e seguiam o ciclo do livro, que discorre do fim ao recomeço, do encontro ao desencontro, de acordo com a sinopse.

“Caras como eu” começou apenas como o nome de um blog de alguém que se via na contramão da grande maioria e acabou virando marca comercial. Hoje, afirma Gabito, “é um conceito, um projeto de carreira, uma experiência através de todo meu trabalho, mas não um modo de vida”.

Para quem ainda não conhece o trabalho de Gabito Nunes, uma advertência: Você pode se apaixonar perdidamente pelos textos! “Ficamos encantadas com o que Gabito no faz sentir e sonhar a cada detalhe das pessoas e momentos transformados em palavras. Nos faz acreditar que, sim, existem homens dispostos a amar de verdade, compreendendo e valorizando as singularidades da relação e a comunicação como premissa. Isso sim é cativante”, declarou Yohana Sanfer.

Para quem conheceu o trabalho do autor, gostou e quer mais, uma notícia boa: Gabito Nunes está organizando outro livro de contos e já tem cerca de 30% de um romance que deve ficar pronto em 2012.

Por Marinha Luiza

Capa de "A Manhã seguinte sempre chega"

Conheça o blog “Caras como Eu

wearsunglasses.wordpress.com

 

O papel do jornalismo: entre o profissional e o amador

Falando simbolicamente, um bom lugar para que se possa caracterizar o papel da comunicação social nesse começo do século XXI seria um furacão, o olho do furacão. Em 2010 o jornalismo vive em um epicentro de mudanças, uma revolução informacional que põe não só o papel do comunicador em constantes mudanças, mas também todo o seu mercado (de público e trabalho). Com a popularização da web 2.0 houve rapidamente uma transformação dos meios de distribuição em meios de comunicação. Cabe a essa reflexão levantar questões sobre o webjornalismo participativo e a produção aberta de noticias, bem como discutir o papel do jornalismo segundo o ponto de vista da teoria da cauda longa (Chris Anderson) e os nobres amadores (Andrew Keen), além de apresentar propostas para as mudanças enfrentadas pelos jornalistas de amanhã.

Nessa silhueta da formação jornalística com advento da web surge a figura do repórter cidadão, o leitor internauta que produz conteúdo, sem ser necessariamente especialista para isso. Formando assim uma nova interface que muda a relação emissor/receptor. São vários os meios de condições favoráveis para que se chegue a esse fim de desenvolvimento de jornalismo colaborativo; a inclusão digital, a simplificação de softwares e o barateamento de computadores pessoais, câmeras digitais e celulares são as principais ferramentas, mas há também o efeito colateral feito a partir da insatisfação com a mídia jornalística e os meios de imprensa disfarçadamente imparciais e pretensiosos, como também a herança de empresa alternativa com a cultura DYF (Do it Your Self – faça você mesmo)

Das raízes aos dias atuais: os dois lados do jornalismo de colaboração.

O que começou com Fanzines, uma revista impressa feita por um fã, uma voz do leitor, com o impulso da popularização da web, teve seu espaço amplificado, e seu modelo de linguagem deu origem ao blog atual bem como páginas de web feita por não-profissionais, de caráter pessoal ou coletivo, noticioso ou diário, um veiculo de comunicação com o mundo, sem um filtro de edição ou interface com o mercado, não há dinheiro envolvido, fazendo com que se torne uma comunicação puramente passional, porém sem noções e práticas do jornalismo acadêmico, tornando então um meio de comunicação não apenas tendencioso, por se auto proclamar livre, mas também narcisista pois atende apenas um nicho específico da sociedade, uma personalização da informação de forma meramente singular. Porém nesse contexto, a função do jornalismo não se perde, pois o que acontece é a arte de comunicação de reflexão e contextualização da obra em seu espaço/tempo mesmo que por vezes de forma distorcida. Não há um indicador de qualidade no estilo gatekeeping, o que há é a visão pessoal sobre uma determinada arte, e só.

O que difere a visão pessoal de um amador (ou um grupo deles) com sua ferramenta de comunicação de um profissional que faz parte da indústria do “publishing” onde o poder da imprensa beneficia principalmente os donos dela? Se há uma forma direta, pura, mais barata e abrangente de comunicação, porque não usá-la? Afinal não se pode simplesmente julgar detentor da informação, ela é livre, e está mais valiosa que nunca, quando não há filtragem de edição, também não há filtragem de interesses, como dito por Alex Primo em seu artigo sobre a produção aberta de notícias “Historicamente e em escala global, o controle dos meios massivos e a própria oposição entre produção e consumo sempre interessaram ao Estado e ao capital

O que hoje representa uma solução real é a interligação entre os amadores e profissionais.

Se, me der na telha de aprender a tocar violão, ao chegar em uma loja de instrumentos, o vendedor me dirá que é melhor começar por um equipamento simples, um violão bom e consistente, porém barato, por exemplo um Gianini de R$ 400,00. Mas, se na medida do tempo eu aprimorar o meu talento com o violão, ao voltar nessa mesma loja com o mesmo vendedor, ele irá dizer que agora estou preparado para uma maior sofisticação, e recomendará um violão Fender de R$ 1.800. Pois bem, terminando a analogia está a seguinte conclusão: os nobres amadores são o violão Gianini enquanto os profissionais de formação representam a Fender.

Os novos meios de mídia, por vezes tomadas por amadores, deve ser a primeira fonte de informação, mas não a última, deve ser o site para exploração de informações, mas não a fonte definitiva dos fatos, o internauta, antes leitor e hoje produtor participativo, tem a ciência disso, sabe da não-linearidade do mundo digital e da vantagem que consegue com isso, obtendo assim uma vasta critica de diferentes pontos de idéias sobre um mesmo tema, ora de boa qualidade, ora de má, o filtro vem do bom senso do próprio leitor, em sua face de receptor. Mas o espaço para os profissionais sempre estará a salvo.

Retirado de:  ”Reflexões Midiáticas: O papel do jornalismo entre o profissional e o amador” Danilo Viegas – Comunicação Social Izabela Hendrix

Phil Noto

Da Disney à Dc Comics, o ilustrador Americano Phil Noto é reconhecido com respeito em todas as áreas, com um estilo vintage bem característico, já ilustrou, entre outros, revistas do Batman, Batgirl, Jonah Hex, Superboy, Superman e Birds of Prey. Ele assina também um dvd chamado Comic Book Illustration with Phil Noto no qual ensina sua técnica.

 

Site oficial:
http://www.notoart.com/

Galeria:

http://www.comicartcommunity.com/gallery/categories.php?cat_id=40&page=1

Olhares da Rede

 

Uma visão sobre os diversos olhares da rede

Olhares da Rede, Por Sergio Amadeu

Olhares da Rede

Com a  temática geral de comunicação, tecnologia e cultura, surge o e-book Olhares da Rede.

O livro é uma produção do grupo de pesquisa Cultura de Rede, da Faculdade Cásper Líbero, com a Momento Editorial, e contém “o debate sobre as ideias de cinco autores que pensam o universo das redes digitais”

Tem apresentação do Prof. Sergio Amadeu da Silveira, com as colaborações de Cláudia Castelo Branco, Fabrício Ofuji, Luciano Matsuaki e Murilo Machado.


Todo o arquivo digital do livro pode ser baixado no link: http://www.culturaderede.com.br/

Fonte: Fluxos.com

 

Dez avisos sobre o jornalismo frágil (que deveriam vir ao lado do nome do jornalista)

 

Be Street #5!

 

 

Jesse James, Willian Quantril e Belle Star

O sexto cabeça de rádio

Nem Thom Yorke, Nem Ed O’Brien , muito menos os Irmãos GreenWood, o gênio da comunicação visual é o sujeito acima: Stanley Donwood, ex estudante da University of Exeter, local onde conheceu Thom, com quem mais tarde dividiria um prêmio Grammy de melhor arte por “Amnesiac’ em 2001.

Se tratando de artista, Stanley Donwood é um enigma. Seu trabalho nos álbuns do Radiohead e todo o trabalho artístico associado  tem ganhado reconhecimento mundial.

Desde 1994, é o artista responsável por toda a arte do segundo álbum em diante “The Bends”, suas imagens evocativas e assombrosas ajudaram a criar uma das marcas mais distintivas da música. Em 2006, o lançamento do disco de Thom Yorke  “Eraser”  trouxe  “Vistasde Londres” obra de arte de caratér único.

Agora com o lançamento de King of Limbs, Donwood é  visto aos olhos do público mais uma vez.

Donwood, em suas ilustrações, muda de direção a partir de gráficos propagandista em ilustrações introspectivas, mas uma força consistente é a sua combinação de profundas emoções pessoais e políticas com modéstia e bom humor, assuntos pesados examinados não inteiramente a sério, mas certamente respeitoso.

Little White Lies: A magazine is born!

O processo:

Pencil & Paper

Sem mais, apenas Lápis e Papel na King Magazine, em oito páginas.

Ignácio Murua: Convencionalismo e desconfiguração

“Pintura sem o uso de tintas”

Essa é a principal característica do artista Chileno Ignácio Murua.

Para contrastar a perfeição perturbadoramente artificial valorizada pela velha mídia Chilena, Murua segue pela contramão: com traços e manchas de gotejamento, ele trabalha rapidamente para manipular e desconfigurar o pigmento molhada de uma fotografia recém-impressa, fazendo com que a própria essência da imagem passe a ser distorcida, obscurecida, única.

O que se vê pela frente é uma silhueta borrada, e por trás é a sugestão de uma postura que substitui a identidade individual.

Inspirado na subversão, Ignácio prefere o grotesco ao convencionalismo do corpo feminino e usa a definição de deformidade como perfeição, desconsiderando o tempo, eliminando tanto a perfeição e seu potencial para a deterioração.

"Lara"

"Now we can be friends"

Site Ignácio Murua: http://www.ignaciomurua.net/murua2009.html