A Indústria Cultural como produto: Engolindo a Contracultura

As Raízes de contestação:

“Quase todos os debates relevantes sobre cultura e política no últimos 40 anos foram uma reação ao que se fez nos anos 1960” (Gilmore, 2010, Prefácio “Ponto final – Crônicas sobre os anos 1960 e suas desilusões)

 

Para dar início ao assunto é preciso também dar conceito do exemplo em questão, embora seja inapropriado definir o termo (pois o movimento surge como forma de mobilização e contestação social para a ordem vigente conservadora que se apropriava de tudo para definir, conceituar e formatar) pode se ter a idéia geral de contracultura como um movimento que tem seu auge na década de 1960 quando a sociedade obteve vultoso crescimento dos meios de comunicação de mídia para as massas, sendo assim se caracteriza o movimento da contracultura por sua mobilização e contestação social. Utilizando novos meios de comunicação em massa, inovando estilos (Na Literatura com os Beatniks e no cinema com a Nouvelle Vague). A contracultura veio com uma força de espírito mais libertário, resumido como uma cultura underground, alternativa ou até mesmo marginal, focada principalmente nas transformações da consciência, dos valores e do comportamento. Feito assim para contestar o sistema, e mais propriamente nesse estudo sobre a comunicação dada através da cultura.

“É vital a importância dos meios de comunicação de massa para configurar a contracultura: “pela primeira vez, os sentimentos de rebeldia, insatisfação e buscas que caracterizam o processo de transição para a maturidade encontram ressonância nos meios de comunicação” (Carvalho, 2002, p. 7 “Entre o poder e a mídia”).

 Sendo assim, chega o momento de objetivo no aprofundamento dessa questão: Como algo que nasceu solidificado a ser marginal no ponto mais artístico da sociedade pode ter sido capitalizado e comercializado a ponto de ser algo a ser consumido? O movimento, por ter sido criado nas bases de pensamentos contra culturais entra em contradição quando há sua conversão em mercadoria? O presente estudo não pretende responder tais questões, mas sim apresentar idéias sobre indústria cultural, contracultura e a sociedade contemporânea para que o leitor absorva as melhores idéias, e criando sua própria linha de raciocínio e conclusão possa a responder as questões por si só.

 Concessões Culturais:

 Da idéia para a mercadoria A mística da marginalidade presente na filosofia de Sartre, nos Filmes de Godard, nos livros de Kerouac, na música de Dylan foi revertida, engolida, mastigada, empacotada e posta à venda para ser não só absorvida, vista, lida ou escutada, além de tudo isso, a idéia geral foi posta a venda para ser também consumida, trocando em miúdos: A produção cultural e intelectual passou a ser guiada pela possibilidade de consumo mercadológico com a mais abrangente face capitalista, não importando se fosse pró ou contra as idéias desse consumo (como o exemplo estudado) Em seu Livro de 1947 “Dialética do Esclarecimento” Adorno explica e analisa a produção e a função da cultura no capitalismo digerida pelos veículos de televisão, Rádio e Jornal e o uso desse mídias por parte da classe dominante, para disseminação de suas idéias conformistas e controle da população. “A diferenciação técnica e social e a extrema especialização levaram a um caos cultural. Ora, essa opinião encontra a cada dia um novo desmentido. Pois a cultura contemporânea confere a tudo um ar de semelhança. O cinema, o rádio e as revistas constituem um sistema. Cada sector é coerente em si mesmo e todos o são em conjunto. Até mesmo as manifestações estéticas de tendências políticas opostas entoam o mesmo louvor do ritmo de aço.” Porém há também de serem apresentados os aspectos positivos de tal indústria, como por exemplo: a ampliação e propagação de idéias que antes eram voltadas somente para o mercado de nicho.

“O punk não passa de um modismo, nada que abale as estruturas do sistema, que reverte e capitaliza em cima da idéia”

           Raul Seixas

Referencias Bibliográficas: COELHO, Teixeira; O QUE É INDÚSTRIA CULTURAL; 1980, 4ª edição, editora Brasiliense.